boxart (Mark III) |
boxart (PS2) |
- Desenvolvedor: Sega
- Publisher: Sega
- Data de lançamento: 1986 (JP/US – SMS)/ 2004 (JP – PS2)
- Gênero: Sidescrolling action
199X, uma explosão nuclear atinge quase toda a superfície da terra, transformando o planeta em um vasto deserto. Grande parte dos seres vivos foram exterminados rapidamente, enquanto os seres humanos sobreviventes se uniram em tribos em busca de alimento e água não contaminados.
O dinheiro passou a não ter valor nenhum, e não havia mais ordem, nem justiça. Nessa anarquia reinava o mais forte. Gangues perigosas passaram a dominar os fracos e inocentes, submetendo-os as mais diversas formas de humilhação e trabalho escravo, desvalorizando suas vidas. O mundo passou então a ser um palco da desgraça humana, um ambiente frio, sangrento e sem nenhuma esperança.
Contudo, surge um único homem, sucessor de uma arte marcial milenar chinesa conhecida como Hokuto Shinken, cuja noiva lhe foi roubada pelo seu melhor amigo. Este homem se levantaria como um salvador para proteger os mais fracos. Têm início a lenda de Kenshiro, um mestre que caminha em busca de vingança pessoal, eliminando em seu caminho todos os opressores e restaurando a esperança, perdida há muito tempo.
Hokuto no Ken
Omae wa mo... shindeiru.
Me empolguei para escrever a introdução desse post, mas não é à toa. Afinal sou um grande fã desse clássico dos animes e mangás. Criado por Buronson e Tetsuo Hara, a história crua e trágica de um herói extremamente poderoso em um mundo apocalíptico foi um grande sucesso no Japão, servindo de inspiração para outros animes do gênero. Hokuto no Ken tem a fórmula certa: uma história envolvente, personagens carismáticos e marcantes,traços impecáveis, e é claro muitas cenas de luta.
As lutas aliás são o verdadeiro destaque devido ao seu grau de violência elevado. Kenshiro é capaz de explodir seus adversários com um único soco, fazendo com que tripas e cérebros voem pra todo lado. Algumas cenas memoráveis consistem em ver o adversário zoando após levar um soco dizendo que não doeu nada, contudo Kenshiro fala “omae wa mo shindeiru” (você já está morto), logo em seguida o soco surte efeito no pobre coitado que morre da forma mais grotesca possível.
Mesmo nos dias atuais a franquia é rentável, tendo uma série de produtos novos como filmes e jogos. O game mais recente saiu para X360 e PS3, sob o título Hokuto Musou, uma versão de Dynasty Warriors com os personagens de Hokuto no Ken.
Nesse post, vou falar sobre o jogo para o Master System japonês (Mark III), criado pela Sega e comercializado também fora do Japão pelo nome Black Belt. Há uma excelente análise da versão ocidental feita pelo Léo do blog QG Master. Clique aqui para ler.
O jogo
Title screen |
Game screen |
Sub-chefe do primeiro estágio
Hokuto no Ken é um beat ‘n up simples, nos moldes de Kung Fu Master. A idéia é basicamente a mesma: ande pelo cenário enquanto enche de porrada tudo o que vier na sua direção. O jogo compreende toda a primeira parte do anime, onde Kenshiro inicia sua jornada à procura de Shin para derrotá-lo e resgatar sua amada Yuria, e prossegue destruindo um exército tirano que domina vilarejos, entre outras batalhas, até chegar ao confronto final contra o seu irmão cruel Raoh.
Neste game, ao acertar um inimigo, este explode em pedaços. Esse mesmo efeito existe no Black Belt, mas quem não conhecia o anime juraria que era apenas um efeito estiloso para desaparecer o sprite do inimigo, mas no contexto do anime percebe-se que a SEGA quis de alguma forma incluir o grau insano de violência característico da série.
Cada estágio possui, além dos inimigos comuns, em torno de 3 à 5 sub-chefes. Cada sub-chefe eliminado fornece ao jogador bônus na pontuação e uma pequena recuperação da barra de energia.
Ken v.s. Shin
Ao final do estágio temos o chefe. Nessa batalha o gameplay muda sutilmente, assemelhando-se aos jogos de luta versus como Yie Ar Kung-Fu. Estas lutas são mais difíceis pois exigem que o jogador descubra o ponto fraco do chefe para derrotá-lo. A forma de vencê-los é similar ao anime, e Kenshiro utiliza os seus golpes característicos no final da batalha, como o Hokuto Hyakuretsu Ken no primeiro chefe, Shin.
O que faz valer a pena esse título
Para quem curte o anime, como eu, este jogo é recomendado por ser muito fiel ao anime. As batalhas clássicas da série estão presentes, assim como os cenários característicos e até a forma de derrotar os chefes. A Sega conhecia muito bem o anime ao transformá-lo em jogo.
Mesmo sendo um dos primeiros games para o velho console 8-bits da Sega, seus gráficos impressionam. Assim que o jogador inicia o primeiro estágio, verá um efeito de parallax scrolling muito bem feito ao fundo, sem causar lentidão, provando assim do que o bom e velho Master System é capaz. A trilha sonora não chega a ser memorável, mas cumpre bem o papel de ambientar o jogador.
A jogabilidade é muito boa, não há atrasos e é bem simples de aprender; quem curtia Kung Fu Master e jogos do gênero vai se sentir em casa neste game. O desafio é médio para alto, pois além de ter que descobrir o ponto fraco de cada chefe, os inimigos começam a ficar cada vez mais apelões.
E claro, o ponto mais forte é poder controlar o filho do Chuck Norris em pessoa! Sair explodindo os inimigos com um único soco ou chute não tem preço.
Batalha no melhor estilo Davi v.s. Golias!
O que prejudica a experiência
Hokuto no Ken sofre do mesmo mal que os jogos beat ‘n up sofrem: a repetição. Cada fase consiste em andar para a direita, bater nos inimigos, parar para enfrentar um sub-chefe, continuar caminhando até alcançar o chefe de fase. Ao derrotá-lo o processo se repete. Isso não é problema para os fãs do gênero, mas muitos jogadores podem torcer o nariz para a sua natureza repetitiva.
Além disso o sprite do Kenshiro não é lá muito bem feito nas lutas de versus. Não sei dizer exatamente o que está de errado, mas no geral não condiz com o personagem. E falando das lutas de versus, é um pouco decepcionante não poder utilizar os golpes característicos do Kenshiro. É preciso vencer a luta apenas com socos e chutes simples até que o computador utilize automaticamente o golpe no final da luta.
Black Belt
Como o anime não era popular nos States na época, a Sega hackeou o jogo alterando os sprites e a música do jogo, surgindo assim Black Belt. Neste game o jogador controla Riki, um karateka em busca de sua amada Kyoko, que foi sequestrada porque os jogos da época deveriam ter uma donzela em apuros para atrair Riki a uma armadilha do seu rival Wang.
O jogo teve algumas pequenas alterações na gameplay, como a inclusão de itens para recuperar energia. Fora isso é o mesmo Hokuto no Ken para o Mark III.
Remake para PS2
No Master System do Chuck Norris, essa era a imagem do jogo.
A Sega lançou entre 2003 e 2008 a série Sega Ages, jogos mais baratos e que homenageavam clássicos da época dos 8 e 16-bits. Dentre os remakes, há o volume 11, que homenageia o Hokuto no Ken original para o Master System. Ainda não testei o jogo, mas pelo que eu li no Hardcore Gaming, a Sega vacilou legal neste game, tirando toda a diversão da versão original. Vou ver se consigo rodar este game para dar o meu veredito.
Conclusão
Para um jogo baseado em anime/mangá, Hokuto no Ken foi um bom trabalho da Sega. É um jogo repetitivo e nada inovador, mas também é muito divertido e feito sob medida para agradar os fãs da série e do gênero beat ‘n up. Recomendado para quem curte uma boa pancadaria. 🙂
Infelizmente não consegui falar muito sobre o anime, para mais informações recomendo o artigo da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Hokuto_No_Ken